Cumpriu-se o Mar e o Império desfez-se... e agora? Que pode fazer Portugal para que se cumpra? Como inverter o ciclo de decadência que Portugal atravessa desde o século XIX e em que verdadeiramente se arrasta desde 1974?
Pode Portugal confiar-se novamente a Deus, pois só quando Ele "quere, o homem sonha e a obra nasce". A Ele confiar-se e à Sua obra dedicar-se. Não há outra maneira.
O que melhor define o povo português, como os outros povos hispanos, é o seu intrínseco cristianismo. Não como rótulo polido de uma embalagem vazia, mas como matéria crítica onde radicam os traços mestres da sua personalidade colectiva. Ainda hoje se notam vestígios dessa vocação cristã, apesar de todas as tentativas políticas para a sua destruição, perpetradas desde há dois séculos para cá: os portugueses nunca se conseguem mobilizar para a conquista de nenhum objectivo de índole económica (ou burguesa ) mas conseguem diariamente, sem sequer repararem nisso, verdadeiras proezas de caridade,solidariedade e evangelização.
Quem não se recorda das manifestações populares em favor do povo de Timor-Leste? A quem não chegou notícia dos heróicos feitos dos médicos portugueses da AMI? Quem desconhece a magnífica adesão que têm as mais diversas campanhas de combate á fome e à pobreza, em Portugal? Quem ignora o empenho dos missionários portugueses na acção social da Igreja, que só em África conta com 32 643 escolas primárias com um total de 12 435 890 alunos; e com 8607 escolas secundárias com um total de 3 438 139 alunos; e estabelecimentos de ensino superior e universidades onde estudam 121 902 alunos; e no campo da saúde, onde a igreja coordena 1046 hospitais, 5292 dispensários, 211 leprosarias e 723 residências para diminuídos e doentes crónicos? (dados de 2007)
Portugal tem vindo a decaír desde há dois séculos; mas não é por ter perdido um império. É pelo facto de os portugueses terem perdido a noção do povo que essencialmente são, daquilo que para eles é realmente importante e os concretiza. Por essa razão, olhando para si mesmos e não sabendo já o que estimar, perderam a auto-estima. Tudo quanto lhes chega de fora e de novo passou a ser axiomaticamente superior e de importação urgente.
Assim, rapidamente importámos o Liberalismo, ideología ironicamente elevada ao poder não por uma revolução mas pela mão de um rei, por esse mau homem que foi o pior dos reis de Portugal: D. Pedro IV. O Liberalismo, essa droga de efeito lento que leva as nações a desejarem os meios da sua auto-destruição social.O Liberalismo, esse ópio do povo.
Em Liberalismo, o indivíduo, o presente e o material roubam para si o estatuto todo-poderoso que a Deus pertence. Só o próprio e o imediato existem; e, como tal, o mais forte na jogo da judiaría burguesa impõe as regras. Os burgueses (sem escrúpulos) esmagam o povo, humilham o clero e deixam a fidalguia fraca e assimilada, uma fidalguía sem nobreza. Também a nível internacional, a alma mater da burguesia, a narcotraficante do liberalismo ganha ascendente mundial: a Grã-Bretanha.
Sob o efeito opiáceo do Liberalismo, acabámos por isolar-nos do mundo, com os restos do nosso império, orgulhosamente sós e cada vez mais dependentes do nosso dealer: foram-nos demonstradas pelo judeu luso-descendente David Ricardo as vantagens comparativas do livre comércio com a Grã-Bretanha mas sem atender aos efeitos da degradação dos termos de troca e ao consequente endividamento externo. Agravados por um consumismo crescente e uma pressão materialista interna, ansiosa de ter tudo quanto de fora lhe vendam.
Celebra-se em Portugal, no dia 1 de Dezembro, a Restauração da Independência Nacional em 1640. Mas, pergunto eu: desde quando um país endividado e encalacrado, desde há mais de duzentos anos, pode ser verdadeiramente independente? Que independência temos para celebrar?
Desde a Descolonização e afastadas as negras sombras do PREC, que em Portugal se aprecebe a impossibilidade de, sem império, vivermos orgulhosamente sós ainda que supostamente independentes. Por esse entendimento, Portugal procurou a integração europeia, o que se revelou um plano frustrado. Porquê?
Porque continuado ou mesmo agravado o seu endividamento externo, reduzido à sua dimensão demográfica e sócio-económica no contexto europeu, Portugal foi inevitavelmente empurrado para um modelo de desenvolvimento pernicioso, com um pacto de estabilidade e crescimento que não atende às suas necessidades e calendarização de investimento reprodutivo, nem aos mais altos interesses do seu sustentado equilíbrio estratégico...
... mas, sobretudo, porque a União Europeia é um projecto descristianizado, permeável aos avanços modernistas / franco-maçons, culturalmente desestruturante e desenraízador. Oferece fundos comunitários em troca de pax britannica, na sua versão actual, a americana. Impõe-nos uma estreita banda de decisão política e com doses suplementares do ópio liberalesco vai -nos adormecendo a todos, na ilusão democrática de que somos senhores da nossa vida e do nosso futuro, e de que esse futuro tem de ser risonho mesmo com a previsível futuraescassez de recursos. E que Deus nem é preciso para isso que isso aconteça.
Não, não somos mais independentes na União Europeia do que temos sido "orgulhosamente sós", pelo contrário. E quando digo que o não somos, falo também pelos nossos irmãos "do outro lado do rio", os espanhóis.
Voltemos uns e outros à nossa essência, e reunamos à nossa volta o mundo que construímos!
Confiemo-nos a Cristo e à Sua Obra!
Defendamos, todos juntos, a bandeira da Santa Tradição!
E voltaremos a ser independentes! Orgulhosamente Nós!