segunda-feira, 26 de abril de 2010

O 26 de Abril

O 26 de Abril



Não que festeje o 25 de Abril. Mas também não o choro.

A não ser que se cheguem perto de mim com cravos ao peito: aí a minha rinite alérgica não perdoa, os espirros sucedem-se e as lágrimas caem-me quatro a quatro. Passo facilmente por um copioso saudosista do salazarismo, para mais daqueles das saudades impossíveis, porque não viveram aquele tempo.

Para mim todas as revoluções são dos cravos. Todas me causam alergia. Mesmo aquelas que são na verdade de outras flores, de outras cores. A revolução, mesmo sem derramamento de sangue, tem uma natureza agressiva e uma força destruidora cega e descontrolada. Tudo o que revolução deixa para trás torna-se mau, ainda que o não fosse, e deve ser destruído.

Foi assim com o 25 de Abril; mas também foi assim com o 28 de Maio, com o 5 de Outubro, com o 24 de Agosto (de 1820 para os mais descontextualizados). E, em última análise, tudo começou com o 14 de Julho em França...

Uma revolução, uma data. Uma data que vai fazendo necessárias outras datas depois dela, destruição que exige a sua própria destruição. Porque tudo o que se constrói sobre chão remexido, sem assentar em rocha-mãe, fica mal feito, frágil e inseguro. Sujeita-se a ser descartado por ditames de moda, das falsas e frágeis certezas de cada momento.

Muito pior que destruir é construir mal, construir a prazo para um fim quase certo e determinado. Destruir dura um momento; construir dura muito tempo, suor e sacrifícios.

Já que estamos por datas, não choro o 25 de Abril; choro o 26. E todos os dias depois desse...

Viriatos, às Armas! (Rafael Castela Santos d'A Casa de Sarto)


O Valle de los Caídos, próximo do Escorial, é um monumento aos mortos da Guerra Civil Espanhola de 1936-1939. A majestosidade da sua localização, assim como o facto de ser Basílica escavada em rocha, além da impressionante Cruz que o coroa fazem dele um lugar único. Esta Basílica é a segunda maior do mundo e é coroada pela maior Cruz do mundo.

O monumento tem um inegável carácter religioso e de paz. Desde o início que se tratou de estancar as feridas de um conflito fratricida que assolou a Espanha. Desde o início a Comunidade Beneditina do Valle de los Caídos que ali reside se encarregou de rezar incessantemente por esta causa de paz assim como por Espanha.

Em favor de uma injusta e tendenciosa lei de memória histórica gerada por este governo socialista e anti-católica - de rançoso sabor maçónico - está-se a acabar com qualquer monumento ou sinal que tenha sido da época de Franco. Historiadores outrora comunistas, como Pío Moa, manifestaram-se contra a consideração de monumento franquista do Valle de los Caídos. Há uma lenda negra em relação ao Valle que é preciso desmontar. Nesta última de hiperligação se dão também ideias sobre o que se pode fazer.

O governo socialista espanhol, cuja política anti-católica é absolutamente sectária, fechou já o Valle em Fevereiro de 2010. Neste neo-samizdat do ciber-espaço, as bitácoras e os fóruns, alguns fizeram eco do dito encerramento. A instituição governamental que controla o Valle dos Caídos, Patrimonio Nacional, negou-se repetidamente a informar sobre o que se passa e efectuou um encerramento sigiloso. De facto, surpreende inclusivamente a quase ausência de notícias nos mass media ao mesmo tempo que na rede se fazia eco do assunto. A explicação oficial é que se trata de obras de restauração por causa de humidades, mas estas foram denunciadas repetidamente pelos Beneditinos que lá estão durante anos e nunca se fez nada. O certo é que não há data de reabertura. De maneira clara, as explicações oficiais resultaram falaciosas e mentirosas.

O intento de fechar o Valle de los Caídos não é novo. Já em 2009 o tentaram fechar. Em 2005, com este governo já no poder, se urdia a malfeitoria. Já houve problemas estes últimos anos por culpa de pressões governamentais para que não se celebrassem funerais nos 20 de Novembro, mas com o fito de preservar a santidade do recinto - violada pela ignóbil actuação da Guardia Civil obedecendo a ordens sectárias - até a Fundação Francisco Franco parou de convocar esses funerais para aquele recinto.

Tentou-se gerir algo da situação através da Casa Real, mas infrutuosamente. Nada de estranho vindo de um Rei que aprova a lei do aborto. A família real espanhola, de facto, abomina a religião católica e o seu futuro está seriamente ameaçado desde a boda do Príncipe.

A actuação dos separatistas catalães foi vergonhosa. Não é estranho quando destacados políticos catalães (Maragall o Carod Rovira, por exemplo) chegaram a mofar publicamente da coroa de espinhos de Cristo, mesmo em Jerusalém. O  Partido Nacionalista Basco, cujo passado anti-católico é manifesto apesar de eles sustentarem o contrário, ficou retratado em um dos seus líderes (Iñaki Anasagasti).

Sendo terreno sagrado, não deixa de ser insultante e sacrílego o intento de converter aquilo num parque de atracções. Uma íntima aliada do governo socialista e anti-cristão que há em Espanha, a extrema esquerda, solicitou inclusivamente converter o Valle em uma espécie de atracção de feira, do tipo "Casa dos Horrores".


A desculpa inicial por tudo isto é o mau estado da Piedade que coroa a entrada. A situação real é outra muito diferente, de claro ataque ao Valle de los Caídos. Pode-se falar sem rodeios do início de uma nova perseguição religiosa em Espanha. A dessacralização de uma Basílica católica, a perseguição à Comunidade Beneditina que ali vive, além dos obstáculos crescentes que vão pondo ao culto assim o indicam. A perseguição aos católicos tem por ponto de mira preferencial o Valle de los Caídos. Sobre este impressionante monumento soergue-se a sombra abominável da demolição.

De nada serviram as palavras de conciliação de D. Anselmo, o Abade beneditino nem o facto do abade advogar por uma despolitização até do mais ínfimo. As palavras de perdão não foram escutadas. Num plano mais generalista, até Pío Moa se queixou ao Conselho da Europa sobre a situação que temos. Inclusivamente se constituiu uma organização de defesa do Valle de los Caídos. Um relato dos factos acontecidos pode-se encontrar aqui. O súmmum  foi o tratamento recebido pela estátua da Piedade que preside à entrada.

A sociedade espanhola é uma sociedade terrivelmente doente, como recentemente assinalou o Bispo de Burgos. A tibieza dos cristãos, nossa pouca oração e praticamente nula penitência - males estes para os quais
a Santíssima Virgem nos advertiu em Fátima - foram faltas gravíssimas em que temos incidido uma e outra vez. Por isso voltamos a ser perseguidos e castigados. É justo que assim seja e, quem sabe, talvez isto reassegure a nossa Fé.

Faz quase 75 anos, um grupo de aguerridos soldados portugueses, popularmente conhecidos como "Viriatos", não duvidou em arriscar a sua vida para defender a civilização cristã de Espanha. A Guerra Civil foi uma Cruzada porque meia Espanha queria perseguir a Cristo e à Sua Igreja e não houve mais remédio que não levantar-se me armas em defesa da Religião. Pío XII assim o reconheceu. Aqueles portugueses sabiam o que estava em risco. Por inescrutável desígnio da Providência o solo ibérico o partilham estas duas Pátrias irmãs e o destino de uma costuma ser o destino da outra. E por inescrutável desígnio, também, nossa metapolítica foi, é e será sempre comum. Agora as armas são outras, Viriatos de hoje. São as da oração, são as da pena metarmofoseada no computador.

Rogo-vos humildemente, portanto, que rezeis por Espanha, que rezeis pelo Valle de los Caídos, para que continuemos a ser a nação cristã e missionária que junto convosco fez chegar Cristo a todo o orbe. Suplico-vos que comecemos desde esta esquecida bitácora uma Cruzada de Rosários pela liberdade do Valle de los Caídos e da Comunidade Beneditina que ali vive. Agradeceria enormemente que se algum de vós rezar um Rosário por esta causa, no-lo deixasse saber na caixa de comentários para assim fazer chegar aos Beneditinos notícia das vossas orações.

Rogar-vos-ia portugueses - ou de esses outros "Portugais" d' além-mar - de boa vontade, que difundísseis este texto. Se algum de vós se desse o incómodo de traduzi-lo para português, tanto melhor!

Viva Cristo-Rei!

E agora Viriatos, às Armas! À oração, à  pena!

Rafael Castela Santos